22 novembro, 2011

Don't take a picture!


"It’s been a bad day. Please don’t take a picture."


  A frequência da aleatoriedade dos meus dias segue uma escala. Aos dias muito bons seguem-se outros muito ruins. Dias mornos se mantém na mesma. Dias agridoces se alternam com pimentas e canela. Sempre durante o dia verde do capim-limão a previsão é coca-cola negra na próxima manhã (ou noite). Não é preciso analisar estrelas para isso. É o ciclo natural da carruagem do equilíbrio. Sorte no amor, azar na vida escolar (ou seria jogo?). É como o bem estar depois da crise de choro. O cheiro enjoado dos consultórios do dentista antes da sensação de dentes limpíssimos. O desapego que vem depois do assassinato da saudade.

   Dias e pessoas são como os túmulos. Alguns são belamente esculpidos por fora mas por dentro o conteúdo é o mesmo. Cada um caminhando para um estágio de decomposição. Todos em direção ao fim. Ah, a armadilha da intensidade! – essa que nos faz sentir vivos. A corda bamba para atravessar entre o chão de uma sensação a outra sob o abismo do excesso. Um passo em falso e se ultrapassa o limite. Game over. E lá estamos nós de novo juntos na mesma sala dividindo o ar-condicionado. Eterna mania de se embrulhar e se embaraçar. Em um gesto de amizade as bochechas tocam os lábios. Os mindinhos se apegam em favor do perdão e das promessas. O tic tac dos sapatos unidos no compasso dos ponteiros das horas. Novas pegadas no velho chão.

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Don't take a picture! de Brenda Ághata é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.
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